domingo, 26 de maio de 2013

2 anos de existência

2 ANOS DE EXISTÊNCIA

          Há exatos dois anos eu iniciava a publicação deste singelo blog, assim meio bissexto, que - como o autor - vai capenga por aí...
          Gostaria de compartilhar com os amigos material que elaboramos no decorrer do Curso de Licenciatura em Letras - Português/Inglês (UNIFRAN) e que, durante um curto período, constituiu-se em exercício de interação e integração entre os discentes daquela turma.   Trata-se do JornalECO, jornal mural estudantil, que também oferecia a possibilidade de aquisição de exemplares individuais avulsos mediante pequena contribuição para fazer frente aos custos de produção do mesmo.   Ao escolher o nome para esse jornal mural, optei por JornalECO - assim grafado - o que dava a ideia de um jornal, um jornalzinho ( pequeno e sem maior importância, aparentemente autodepreciativo ) e ao mesmo tempo a ideia de eco, i.é, da capacidade que poderia vir a ter - ironicamente, então - de fazer reverberar, propagar, questões e propostas visando animar culturalmente o meio.   Datilografado sofrivelmente, penosamente, numa Facit Lettera, erros ortográficos, gramaticais, e outros poderão ser notados.   O então Coordenador do Curso de Letras, professor Everton de Paula, a quem muito se deve a liberação de espaço para a realização deste 'exercício', ofereceu-se à época para fazer as necessárias correções.   Em muito devido à premência do tempo para afixar cada número do JornalECO, tal ajuda valiosa foi recusada.   Reconhecemos, apesar da ressalva, que foi praticamente uma indelicadeza de nossa parte.  









  

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

TRONCOS PODRES

TRONCOS PODRES (autor: Evêncio Martins da Quinta Filho)

O texto datilografado de "Troncos Podres" de Evêncio Martins da Quinta Filho, conhecido como Zêgo - que é como assinava coluna no jornal A Tribuna, de Santos -  foi-me sugerido por Jorge Elias, que havia dirigido, entre outras, a peça teatral "Transe" (de Ronaldo Radde), já comentada neste blog, e na qual este blogueiro tomara parte.   Com isso o diretor Jorge Elias me oferecia a oportunidade, o desafio, de experimentar a direção, já que estivera como assistente de direção dele em outras ocasiões.   Cabe mencionar que o autor já havia ganhado prêmio com ouro texto, "A Rosa Verde", e que "Troncos Podres" já fora encenada anteriormente.   O assunto tratado é a questão do processo de proletarização conforme percebido numa certa fase da nossa economia, suas consequências no âmbito social.   São três as personagens: marido e mulher que se veem na contingência de 'subir o morro', ir morar numa favela, e lutar pela sobrevivência num momento de crises de toda ordem, e um 'desocupado' que já optou pelo descaminho da contravenção ou da criminalidade mesmo, e que 'desce o morro' para buscar através de expedientes recrimináveis sua condição de existência em meio ao caos.   Durante os ensaios, fui questionado sobre o fato de estar dando um tom muito declamatório, recitativo, à interpretação dos atores, amadores, que tinha Bruno Antonuche no papel principal - sou incapaz de me lembrar dos nomes dos outros dois participantes, infelizmente.   Mas tinha eu grandes pretenções quanto a utilização de multimídia - que o texto original não sugeria e nem era moda na época (pelo menos eu desconhecia referências).   No que consistia essa utilização de multimídia? Afixação de primeiras páginas de jornais; projeção de partes de programas de televisão gravados previamente em VHS ou matéria especialmente produzida para a montagem da peça, gravada em Super 8; textos (audio) gravados do rádio em fita cassete; tudo inserido durante a representação consoante as falas das personagens...   Os ensaios caminhavam de forma célere até, já se concebia o cenário (cenografia/cenotécnica) mas o projeto não amadureceu o suficiente para ir à cena.   Acabo de localizar aqui a informação referente ao nome de quem viveria o papel da mulher, dona de casa: Rosely Nóbrega, que estaria sendo lançada nesta peça pelo GRUTA - Grupo Unido de Teatro Amador, de Santos.  

LUA DE MEL A TRÊS

LUA DE MEL A TRÊS

Não me recordo como veio parar nas minhas mãos o texto dessa comédia saborosa, refinada até.   Fato é que o referido texto chegou-me como cópia xerox de material datilografado, como era comum naquela época.   Li, gostei muito e imediatamente iniciamos (eu, Bruno Antonuche, e mais dois amadores) os trabalhos de preparação para a montagem do espetáculo. Apontei criticamente um senão na cena final - que me pareceu "muito pra baixo", principalmente para uma comédia, ainda mais levando-se em conta a temática.   Mais do que depressa imaginei um outro final, mais feliz, mais condizente: os três atores (cujos personagens eram o casal em lua de mel, na noite de núpcias, atordoado com a chegada inesperada de um 'intruso') ao agradecerem os aplausos, estariam juntos no procênio; o 'intruso' pegaria um arranjo de flores pequeno que decorava o ambiente (concepção nossa) e o entregaria ao noivo; este o repassaria à noiva que, virando-se de costas para o público, repetiria o indefectível gesto das noivas - o lançamento do buquê, para a platéia.   Os ensaios tiveram início mas o projeto não foi levado a cabo.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

INTERMEZZO

INTERMEZZO

Tenho andado preguiçoso.   Há algum tempo não tenho postado aqui novas narrativas de velhas histórias que insistem em fazer redemoinho em minha mente como "o vento dentro de uma caixa de correio".   Já ficou meridianamente claro para meus estimados leitores que este é um blog de reminiscências cujo escopo primordial é louvar, prestar homenagem a pessoas (e coisas, e lugares, e momentos) que a mim fazem ou fizeram companhia nessa já longa estrada da vida.   Não se trata de vangloriar-me pois é ínfima a parcela de contribuição que eventualmente eu possa ter oferecido aos demais.   Também não se trata de passadismo retrógrado... o passado não é certamente o melhor lugar para se estar.   Mas ainda pretendo discorrer sobre trabalhos realizados na área teatral, de forma amadorística, trazendo ao conhecimento dos que me honram com seus acessos a este modesto blog não só relatos de "sucessos", mas também de tentativas que não vingaram, propriamente.   Aguardem!   Quero comentar aqui sobre nossa concepção de espetáculos (que por uma razão ou outra não puderam ir à cena, ao palco, não puderam ser montados - ficando apenas no ensaio geral) como "Troncos Podres", "Lua de Mel a três", e "Judas no Tribunal".   Aguardem, por favor!   

terça-feira, 13 de março de 2012

PARALELISMO POSSÍVEL?

PARALELISMO POSSÍVEL?

               Consumir é bom, produzir é ainda melhor.   Arte, por exemplo.   Ou conhecimento.
               Afastado há algum tempo da cena teatral (amadora) como realizador, não deixo entretanto de acompanhar - ainda que a distância - o que se produz aqui na nossa Franca ou mais além.
               Todo ano, no mês de março, a FETANP - Federação de Teatro Amador do Nordeste Paulista, com apoio da Prefeitura Municipal através da FEAC - Fundação para o Esporte, Arte e Cultura (anteriormente, Fundação Municipal "Mário de Andrade") apresenta seu Projeto Cultural ÁGUAS DE MARÇO com manifestações artísticas nas áreas de dança, de teatro, de música e outras (poesia encenada, monólogos, teatro de bonecos ou marionetes, canto coral) que são levadas ao público de forma gratuita (ou mediante ingresso 'social'), inicialmente apenas no Teatro Municipal "José Cyrino Goulart" e mais recentemente ocupando espaços diversos na cidade. 
               Este ano, na sua 23ª edição, a programação do ÁGUAS DE MARÇO vai de 16 a 25 e pode ser visualizada em www.francasite.com/index.asp
               Recordo-me do tempo em que tendo chegado a Franca (para assumir as funções de Agente Fiscal Metrológico no IPEM-SP Órgão Delegado do INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) vindo de Santos, onde já havia participado do movimento teatral amador, aproximei-me da FETANP, lá conhecendo José Aparecido Ribeiro, João Mamédio, Cardoso Jr. e tantos outros jovens entusiastas das artes cênicas.   Logo recebí convite para dirigir uma peça, voto de confiança depositado por Jô Ribeiro e demais membros da FETANP que tinham a seu encargo um grupo numeroso de jovens interessados no aprendizado do fazer teatral.   Foi-me atribuído um grupo de rapazes e moças (que se mostraram todos muito talentosos) e um texto: Édipo Rei, de Sófocles, em adaptação de Jean Cocteau e tradução de Maria Clara Machado.
               Alguns fatores concorreram para facilitar o nosso trabalho de concepção, direção e produção do espetáculo, a saber:
1 - Além da pesquisa que fiz (fizemos) sobre Édipo Rei, auxiliou-me o fato de já ter assistido a encenações de outras tragédias gregas, clássicas, por grupo amadores, como "Antígone" (também de Sófocles) e "Prometeu Acorrentado" (de Ésquilo).
2 - Também foi de valia o mini-curso sobre Mitologia Grega apresentado por Sira Napolitano (mestranda à época, se não me engano) no espaço da FETANP.
3 - O concurso de pessoas de Santos, especialmente Mônica Batista, através do Artevida Produtos de Palco, principalmente no tocante ao figurino (design e confecção).
4 - Grego Defterios, de passagem por Franca, instruiu atores - especialmente na construção da personagem Jocasta (direção de ator/atriz).
5 - O momento político brasileiro à época: Collor x Lula.   Collor prometendo acabar com a (hiper)inflação monetária  - e com os "marajás" - mediante um "ypon" ou usando "uma única bala, um único tiro", que deveria ser "certeira(o)".   E governar para os "descamisados e pés descalços"
               O texto de Édipo Rei nos permitiu então estabelecer - aleatoriamente, claro - alguns paralelos:
               inflação = peste
               ypon, ou tiro certeiro = decifração da esfinge
              descamisados e pés descalços = o figurino tinha túnicas brancas que cobriam o colo e os antebraços, e sandálias, para os "reais" Édipo, Jocasta, Creonte... e túnicas pretas deixando à mostra parte do colo e antebraços, e sem qualquer tipo de calçado, para os integrantes do Coro, para o pastor de ovelhas, para o cego Tirèsias...
               Collor x Lula (luta de classes, perigo do caos) = Ao dizer o 'prólogo', o ator - interpretando  o Corifeu - vestindo túnica vermelha, segura em cada mão (direita e esquerda) longas tiras largas de tecido branco e preto que agita, em embate constante.
               Continuidade da disputa política = Ao final da peça, Édipo caído em desgraça, tendo perdido Jocasta, a mãe, que se mata (já havia assassinado Laio, o pai, ainda que sem o saber), tendo propositalmente cegado a si mesmo face ao horror, percebe adentar o átrio sua filha Antígone (atriz mirim, vem vestindo túnica vermelha).   Luz vermelha geral inunda a cena.  Archotes, tochas incandecentes portadas pelos integrantes do Coro fomam um círculo, distante, ao redor de Édipo... 
               Ao decifrar o enigma proposto pela esfinge Édipo temporáriamente afasta a peste, e conforme promessa de Creonte, habilita-se a desposar Jocasta e reinar sobre Tebas.   O herói trágico, o herói das tragédias clássicas gregas é um homem virtuoso.   Visualizamos em Édipo uma imprudente impetuosidade e certa soberba, orgulho.   Impressão colhida nas falas do Coro, do cego advinho Tirésias e também das imprecações proferidas por Édipo Rei em um extenso monólogo a certa altura do texto de Sófocles.
              E em 1989, com pouco mais de 51% dos votos válidos, o jovem, bom moço, é eleito e conduzido ao governo de uma Tebas tropical... como o mais jovem presidente deste país (e das Américas), permanecendo de 15 de março de 1990 até 29 de dezembro de 1992.   O desenrolar dessa história e seu desfecho são conhecidos sobejamente.   Paralelismo possível?