O texto datilografado de "Troncos Podres" de Evêncio Martins da Quinta Filho, conhecido como Zêgo - que é como assinava coluna no jornal A Tribuna, de Santos - foi-me sugerido por Jorge Elias, que havia dirigido, entre outras, a peça teatral "Transe" (de Ronaldo Radde), já comentada neste blog, e na qual este blogueiro tomara parte. Com isso o diretor Jorge Elias me oferecia a oportunidade, o desafio, de experimentar a direção, já que estivera como assistente de direção dele em outras ocasiões. Cabe mencionar que o autor já havia ganhado prêmio com ouro texto, "A Rosa Verde", e que "Troncos Podres" já fora encenada anteriormente. O assunto tratado é a questão do processo de proletarização conforme percebido numa certa fase da nossa economia, suas consequências no âmbito social. São três as personagens: marido e mulher que se veem na contingência de 'subir o morro', ir morar numa favela, e lutar pela sobrevivência num momento de crises de toda ordem, e um 'desocupado' que já optou pelo descaminho da contravenção ou da criminalidade mesmo, e que 'desce o morro' para buscar através de expedientes recrimináveis sua condição de existência em meio ao caos. Durante os ensaios, fui questionado sobre o fato de estar dando um tom muito declamatório, recitativo, à interpretação dos atores, amadores, que tinha Bruno Antonuche no papel principal - sou incapaz de me lembrar dos nomes dos outros dois participantes, infelizmente. Mas tinha eu grandes pretenções quanto a utilização de multimídia - que o texto original não sugeria e nem era moda na época (pelo menos eu desconhecia referências). No que consistia essa utilização de multimídia? Afixação de primeiras páginas de jornais; projeção de partes de programas de televisão gravados previamente em VHS ou matéria especialmente produzida para a montagem da peça, gravada em Super 8; textos (audio) gravados do rádio em fita cassete; tudo inserido durante a representação consoante as falas das personagens... Os ensaios caminhavam de forma célere até, já se concebia o cenário (cenografia/cenotécnica) mas o projeto não amadureceu o suficiente para ir à cena. Acabo de localizar aqui a informação referente ao nome de quem viveria o papel da mulher, dona de casa: Rosely Nóbrega, que estaria sendo lançada nesta peça pelo GRUTA - Grupo Unido de Teatro Amador, de Santos.
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