CORTADORES DE CANA (foto: Achilles F. Abreu)
... E com precisos golpes do podão
Os cortadores derrubando vão
- Dobrado o dorso sob o sol - ao chão
Milhares de eriçadas negras varas do talhão...
Enegrecido o rosto de carvão
Misturado a poeira, a palha e suor,
O cortador com calejadas mãos
De pé agora... embrutecido e cansado, só.
Deitada a cana, em leiras enfeixada...
Pro dono do açúcar, álcool e alheia dor...
Estes versos não estão na edição de 1985, do autor. São mais recentes, e ainda assim contam já alguns anos. À época trabalhava como agente fiscal metrológico no IPEM-SP Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo, órgão delegado do INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial, tendo como superintendente então Adejair Cyro Trigo. O trabalho de acompanhamento e verificação das operações implicadas no cálculo da remuneração do trabalhador rural, no caso o cortador de cana, exigia que estivéssemos a campo, nos talhões, medindo a extensão da área trabalhada com medida padrão legal (no caso, trena devidamente certificada) - onde os leigos usavam compassos de confecção rudimentar; pesagem dos caminhões (ou treminhões) carregados de cana, descontando-se a tara - peso do caminhão (ou treminhão) vazio; operação esta precedida da aferição (verificação) da(s) balança(s) industrial(ais) com pesos padrão rastreados; e ainda o acompanhamento das análises de teor de cada partida de cana do talhão que adentrava a usina para processamento e transformação em álcool (ou açúcar). Se a metodologia das verificações, por um lado, pudesse sofrer alguma crítica, por outro lado, inegavelmente, o trabalho do órgão metrológico garantia respeito e dignidade ao cortador de cana.
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