Jardim - Marcelo Novaes, arquiteto e paisagista. Revista Arquart, 2005 |
RUMO SUL
(letra e música: Achilles F. Abreu)
Livres, tranquilas,
Sobre o cascalho nú...
A gente corre
Ou segue as filas,
Busca um atalho ao sul...
A gente morre todos os dias
P'ra renascer co'a mancha branca do sol (do sol do amanhã),
Na marcha franca pro sul (pro sul de relva e lã),
Ah... a marca branda e o sal (o sal suado no afã)...
As aves cruzam
O azul sereno
Num voo alto e só...
A gente sofre,
Vence o terreno,
Engole asfalto e pó...
A gente morre todos os dias
P'ra renascer co'a mancha branca do sol (do sol do amanhã),
Na marcha franca pro sul (pro sul de relva e lã),
Ah... a marca branda e o sal (o sal suado no afã)...
Há quem não chore?
Há quem não ria?
Há quem não veja a mancha branca do sol pela manhã?
Há quem não chore - eu disse,
Há quem não ria - eu disse,
Há quem não veja - eu disse - a mancha branca do sol pela manhã.
RUMO SUL coteja natureza e cultura (civilização? progresso?). É uma interpretação, a um nível de leitura, que parece válida ainda . Há três décadas e um pouco mais, quando foi escrita, existia por certo um menor grau de poluição das águas (fluviais, lacustres, marítimas, glaciais, subterrâneas, de precipitação). Observava o autor: "As águas correm, livres, tranquilas, sobre o cascalho nu..." Hoje possívelmente as águas se encontrem mais estagnadas - já não corram tão livres, tranquilas - e o cascalho, sumido entre entulho de toda espécie, carreado para os mananciais, já não se vê... a reluzir nas suas formas arredondadas e lisas.
A luta cotidiana das pessoas continua, num mesmo azáfama: corre-corre; perda de tempo; atalhos e descaminhos... Vão-se, engolidas pelo terreno. "Memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris".
À época (era o ano de 1976 quando foi escrito e musicado), a leitura e interpretação do poema tinha mais a ver com a questão da liberdade.
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