(letra e música: Achilles F. Abreu)
Madrugada, em silêncio, aflita
- Na janela uma fresta de luz -
Estreita na cama dois corpos nus...
Espreita no ar a usina que apita.
Agita-se o dia!Sacode Maria
Sacode João, já - de pé no chão
- Que a luta é bendita!
Nos meus olhos e ouvidos
A imagem e o som
De todo santo dia...
A tristeza dessa vida,
Desbotada no seu tom,
É como a chuva fria...
Cinco horas da manhã
E o galo já cantou,
É hora de sair!...
Bem, durante toda noite
O filhinho seu chorou
E não deixou dormir!...
Só um casaco de lã
E uns trocados pro pingão,
P'ra encarar o frio...
Vai cansado trabalhar
Este homem que é João,
Precisa resistir...
Precisa, precisa,
E ir!...
Madrugada, em silêncio, aflita
- Na janela uma fresta de luz -
Espreita na cama dois corpos nus...
Espreita no ar a usina que apita.
Acorda o dia!
Acorda Maria.
- "Acorda, José! Tá pronto o café
Tá feita a marmita."
"PICKLES", peça teatral de autoria de Achilles F. Abreu, tinha estes versos de A VIDA QUE SE LEVA na cena inicial ( na verdade o espetáculo começava com atores fazendo incursões rápidas pelo palco, com luz branca total, em "sketch", pantomimas, num quase "ato sem palavra" ). O tempo narrativo da peça compreende o decurso de uma madrugada de um dia qualquer até a manhã do dia seguinte.
Sobre essa temática dos operários, Noel Rosa compôs "Os Três Apitos", e Tarsila do Amaral pintou o quadro "Operários", reproduzido acima.
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