sexta-feira, 26 de agosto de 2011

NOTA DO AUTOR (1985)

NOTA DO AUTOR


                                                                 14.
                                                                 Veras rimas (?) ou meras palavras.
                                                                 Dedico este opúsculo ao "REBULIÇO DE ARTE".
                                                                 Desejo agradecer de modo especial a MÔNICA BATISTA pela escolha do material, apresentação e sugestões várias.
                                                                 Pretendí, com a inclusão de "Phoenix" e do refrão de "Jôgo Perigoso", render homenagem aos companheiros dos antigos festivais FEMPO, FICO, FEMUCAN e outros.  
                                                                 A maior parte do trabalho aqui apresentado se complementa nas respectivas partituras musicais de cada 'letra', tendo participado de festivais, entre outras: "Rumo Sul", "Identidade", "O seu Jôgo e o seu Preço".
                                                                As datas, mencionadas à margem, como referencial histórico-psicoafetivo, nem sempre são precisas.
                                                                Passado o tempo, reflito sôbre a indigência que essa produção de juventude caracteriza, renegando em grande parte, hoje, temática, forma e posicionamento (engajado ou não) não reconhecendo aí valor poético, propriamente (ou mesmo literário).   Portanto um libreto sem qualquer pretensão - inteiramente descartável.   Dispensável em qualquer boa biblioteca.
                                                                Resgatar do pó do tempo, do escuro e sufocado fundo de uma gaveta estes escritos não tem qualquer pretensão outra que não o desejo simples de encontrar mãos, olhos, boca, de um outro ser tocado então, quem sabe, no seu íntimo, em essência, e neste instante, por este ato, verificar inda uma vêz o fato de que não somos nada estranhos...    Só temos entre nós uma distância que não se quer estreitar.   No encontro, no toque... a poesia!

                                                                                         A. Fabreu 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

FANTASMAS DE UM TEMPO BOM

FANTASMAS DE UM TEMPO BOM

Confuso, difuso,
Eu uso e abuso...
Saturo o escuro,
O futuro procuro...
Co'a mente descrente
Das gentes, das frentes,
Me volto e me solto
Num vôo... num sonho!...
Meu passado, real,
É meu presente fantasia...
São fantasmas de um tempo
Que eu quisera voltasse um dia!...
Busco desesperado,
No presente, o passado,
Para ser futuro e me ver brincar...
(Com alegria!)
Tanta é a saudade
Que parece até verdade
Que esse tempo ainda pode e vai voltar...
(Na poesia!)
Pulo mais um muro...
Faço mais um furo...
Bato bem mais duro...
Quero um ar mais puro....
Isso eu não aturo;
Eu juro, eu juro, eu juro.


          Edenilton Mendes Peres, o Didi da bacia do Macuco (zona portuária da cidade de Santos, SP) se propusera a musicar os versos acima, lá pelos idos de ...  final dos 70, começo dos 80 talvez.  


Alagoinhas, BA   -   Anos 70   (Olhos d'Água)


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SEM ESSA DE GRILOS

SEM ESSA DE GRILOS                                                                             
                (letra e música: Achilles F. Abreu)

Você precisa ter
Um bom motivo p'ra gritar...
Mas não precisa ter
Razão nenhuma p'ra calar...
Cale dentro do seu peito amor
Que não possa florescer,
Porque é muito mais perfeito amor
Que exige renúncia porque
"Amor só é bom se doer!..."

Você precisa ter
Um bom motivo p'ra agredir...
Mas não precisa ter
Razão nenhuma p'ra sorrir...
Quero ver em seu rosto estampar
Alegria de viver!
Quero ver que você sabe amar,
Perdoar e o mal esquecer...
"Perdoar quer dizer esquecer!..."

Vá viver a vida!
Esquece a ferida
Que um dia doeu... pois, tal,
Não vai mais sangrar...
Vida
É senão estrada
- uma pedra só é nada -
Taí, que o essencial
É pois viajar!...

Você precisa ter
Um bom motivo p'ra chorar...
Mas não precisa ter
Razão nenhuma p'ra cantar...
Cante sempre um refrão qualquer,
Da maneira que entender...
Faz da vida um festival, pois é
Que a morte é um não sei o quê!...
A Morte é um não sei o quê!...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ETIQUETA

ETIQUETA
          (letra e música: Achilles F. Abreu)


Eu na rede...
Ela na teia...
Eu tão vazio e verde,
Ela madura e cheia.

     Eu com sede...
     Ela com fome...
     Eu me aprisiono na rede,
     Ela na teia se consome.
         
          Esquece o nome,
          Me diz nome feio,
          Primeiro me faz Super-Homem,
          Agora me planta no meio...

               Não ouço o apelo
               Que faz a razão,
               Apenas arranco-lhe o selo
               - Etiqueta de alto padrão.


          Após interregno com "PÃO" e "WAVE", retomo o livrinho PICKLES, edição do autor, de 1985: à página 12 encontrava-se este ETIQUETA, eivado de machismo explícito, rasteiro.   Os versos foram compostos em resposta a certa colocação ouvida "casualmente", e que se fez constar logo abaixo do título, naquela publicação ( quando "ser virgem é apenas uma questão de falta de oportunidade" - sic ).    
          Algum tempo depois, estava a passeio por Embu das Artes acompanhado de uma mulher jovem, bonita,  fogosa, inteligente e formada em psicologia - psicanalista, com clínica própria bem montada, bem estabelecida, em São Paulo (no Alto da Lapa) - quando esta me pede para declamar alguma coisa ali, já que estavam ocorrendo, naquele momento, apresentações espontâneas de populares, de quem quisesse fazer uso da palavra, digamos, artisticamente (entenda-se: provocativamente), e recitei então os abomináveis versos de ETIQUETA.   Que "mico" !