domingo, 29 de maio de 2011

A VIDA QUE SE LEVA

A VIDA QUE SE LEVA
               (letra e música: Achilles F. Abreu)           

Madrugada, em silêncio, aflita
- Na janela uma fresta de luz -
Estreita na cama dois corpos nus...
Espreita no ar a usina que apita.
Agita-se o dia!
Sacode Maria
Sacode João, já - de pé no chão
- Que a luta é bendita!

               Nos meus olhos e ouvidos
               A imagem e o som
               De todo santo dia...
               A tristeza dessa vida,
               Desbotada no seu tom,
               É como a chuva fria...

               Cinco horas da manhã
               E o galo já cantou,
               É hora de sair!...
               Bem, durante toda noite
               O filhinho seu chorou
               E não deixou dormir!...

               Só um casaco de lã
               E uns trocados pro pingão,
               P'ra encarar o frio...
               Vai cansado trabalhar
               Este homem que é João,
               Precisa resistir...

               Precisa, precisa,
               Precisa resistir...
               E ir!...

Madrugada, em silêncio, aflita
- Na janela uma fresta de luz -
Espreita na cama dois corpos nus...
Espreita no ar a usina que apita.
Acorda o dia!
Acorda Maria.
- "Acorda, José!   Tá pronto o café
Tá feita a marmita."
             



          "PICKLES", peça teatral de autoria de Achilles F. Abreu, tinha estes versos de A VIDA QUE SE LEVA na cena inicial ( na verdade o espetáculo começava com atores fazendo incursões rápidas pelo palco, com luz branca total, em "sketch", pantomimas, num quase "ato sem palavra" ). O tempo narrativo da peça compreende o decurso de uma madrugada de um dia qualquer até a manhã do dia seguinte.
          Sobre essa temática dos operários, Noel Rosa compôs "Os Três Apitos", e Tarsila do Amaral pintou o quadro "Operários", reproduzido acima

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